segunda-feira, junho 08, 2009

Infeliz experiência

Sempre tive aversão a bandido. A mais inofensiva contravenção já me deixava super irritado. Quando o assunto era drogas então, eu era absolutamente Caxias. Totalmente intolerante. “Bando de maconheiros safados!” “Um câncer na sociedade!" Foi só aos vinte anos que vi o primeiro cigarro de maconha. Lembro-me dos colegas da faculdade (na época eu estudava administração) me convidarem a dar um tapinha. Recusei sem nem pestanejar. Abandonei a administração e fui cursar medicina veterinária. Áreas totalmente distintas. Mas quando o quesito era droga habitavam todos no mesmo caldeirão. Universitários parecem ser movidos a maconha. Com o transcorrer do curso os laços de amizade vão se estreitando. E a intolerância, diminuindo. Perto do fim do curso já consentia que consumissem a malfadada perto de mim. À medida que a intolerância diminuía invariavelmente a curiosidade aumentou. E no churrasco de encerramento do curso, como uma mocinha de filme americano que entrega sua donzelice no grande baile, resolvi experimentar um entorpecente. Afinal, não seria isso que faltaria naquela festa. Um virgem como eu deveria agir com parcimônia. Então me decidi pelo lança perfume. Substância considerada inocente e até há pouco tempo tolerada pela sociedade. Tomei coragem e inalei a coisa. Os efeitos surgiram bem depressa. Um mistifório de helicóptero, liquidificador e carro de patrulha. Confesso que até estava achando agradável. Mas quando de repente, no meio daquela experiência sinestésica olhei para o lado e percebi que estava abraçado com um sujeito ultra boçal que eu mega detestava (Confraternizando como dois amiguinhos de infância) foi que tomei pé do perigo em que estava me metendo. Que raios de efeito é esse que castra todo e qualquer discernimento sobre quem somos e o que queremos. Acho que se fosse maconha ou cocaína teríamos feito amor ali mesmo. Anos depois ainda não consegui valorar o que foi pior: o gosto de desinfetante que só abandonou minha boca uns quatro dias depois ou ter perdido a virgindade com um cara que eu nem amava. Já faz minha cabeça um par de olhos e o pôr- do-sol...
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Um comentário:

  1. Ai meu Deus, obrigada por não ter sido nem maconha nem cocaína! Muito obrigada mesmo!!!!

    Ass: namorada!

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