terça-feira, novembro 10, 2009

Na hora do adeus...


Há algum tempo postei aqui no blog um relato de minhas desventuras sobre duas rodas. Do meu fatídico encontro com um motorista senil, às minhas inúmeras camisas manchadas de óleo. A mais pura lamentação. Um leitor desavisado poderia até concluir que a vida em duas rodas é só suplício (e não é?). Até eu àquela altura o achava. E assim, deixando-me levar pelo momento, vendi “La Poderosa”. Comprei um carro. Todos dizem: “Carro é mais seguro. Você não toma chuva. Não fica fedendo a gasolina”. Deixei-me iludir pelo ABS, “airbag”, controle de tração. Seduzido por uma estrelinha no capô. Um típico adolescente virgem que nunca viu mulher pelada. Só agora, após perder minha motoca, percebi como era boa nossa relação. Não me dera conta de quão grande havia se tornado meu amor por aquela máquina. Acreditava que as cinco horas que eu passava lavando a danada com escova de dente eram mero asseio. Só agora percebi que se tratava de amor. Puro e incondicional. Os olhos ainda umedecem quando vejo a garagem sem ela. Como fui sevo em reclamar dos banhos de chuva que tomamos juntos. Há coisa mais romântica que tomar um banho de chuva com sua amada? Como pude terminar tudo tão facilmente? O que vale um punhado de camisas que nem eram “Armani” ? E que mal há em ficar cheirando a gasolina? Não há até um seleto grupo de mulheres amantes da gasolina? E quando lembro que meu primo (o comprador) é um entusiasta das trilhas, fico ainda mais desolado. Ele não vai cuidar bem da minha pequena. Não me perdoarei se algo de ruim acontecer. Quanto ao maldito carro destruidor de lares? Ainda nem sei. Já faz quase duas semanas que só dorme com uma tal de oficina.


Foto: Alcina Moreira 

2 comentários:

  1. Nossa quanto amor! Fiquei até com ciúmes! Ela é realmente "La Poderosa". Kkkkkkkkkkkk...

    ResponderExcluir
  2. "la poderosa" pode ser sua novamente, quer pagar quanto??? rsrsrs

    ResponderExcluir