terça-feira, junho 09, 2009

A morte pede carona.



No domingo minha mãe me intimou a acompanhá-la em uma visita a fazenda. Mesmo a contragosto não tive como recusar. Há muito vinha inventando desculpas para me esquivar dessa empreitada. Fomos à fazenda e tudo corria bem. Tudo indicava que o dia terminaria dentro da mais pura normalidade. Quanta ingenuidade. Idas à fazenda dificilmente terminam com normalidade. Quando já nos encaminhávamos para casa fomos surpreendidos por uma conhecida moradora local que ansiava por carona. Parei o carro prontamente. Como não ajudar uma velha conhecida? Quando ela pronunciou os primeiros versos pude notar pelo arrastar das palavras que se encontrava um tanto embriagada. Não pude recriminá-la. Eu mesmo ainda não estava totalmente recuperado de uma ressaca. Consequência de uma festinha na noite anterior. Além do mais, já a conheço há quase vinte anos e não me lembro de uma dúzia de vezes em que não estivesse alcoolizada. Acomodada no banco de traz, batemos em retirada. De tempos em tempos notei que uma lufada de álcool tomava conta do interior do carro. Àquela altura só passar perto de um bafômetro já poderia levar todos nós para cadeia. Só me dei conta que a cachaceira egoísta trazia uma garrafa de canha escondida na bolsa quando já se deliciava com o último gole. Imagine o estrago que uma garrafa de pinga pode fazer em uma senhora com pouco menos que quarenta quilos. Quando chegamos onde deveria ser sua parada ela já não conseguia pronunciar uma única palavra. O endereço? Era como se nunca estivesse estado ali. Após várias tentativas frustradas de encontrar seu destino descemos do carro para mais uma incursão. Enquanto minha mãe procurava em vão pelo endereço, eu estava segurando a pinguça que já não se aguentava em pé. Notei que se encontrava meio inquieta, mas na expectativa de descobrir seu destino não prestei muita atenção. Quando dei por mim ela já estava com as calças na altura dos joelhos e desatou a urinar. Ali estava eu no meio da rua de mãos dadas com uma velha bêbada, seminua e completamente urinada. Ponderamos se devíamos deixá-la na delegacia ou despachá-la em algum hospital. Lembro-me de ter cogitado estrangulá-la e depois desovar o cadáver num beco escuro. Conclui que a melhor opção, se é que havia alguma boa opção, era voltar à fazenda e entregá-la a sua família. Imprimi toda velocidade que o bom senso e a integridade estrutural do carro me permitiam. Mas só até ouvir o que meu cérebro se recusou a identificar como sendo um peido. Aquilo ecoo como uma sirene de emergência. A desgraçada já estava completamente mijada... Toda prudência me abandonou. Ignorando as imperfeições da estrada (e não eram poucas) acelerei ao máximo. Quando finalmente chegamos de volta à fazenda e a pé-de-cana desceu do carro, ainda teve tempo de resmungar: “Tenho que ir para cidade.” No que depender de mim ela morrerá sem sair outra vez da roça.

Saldo da corrida:
Dez litros de gasolina: R$26,30
Lava - rápido (pintura e estofamento): R$50,00
Revisão da suspensão: R$ 300,00
Ser visto no meio da rua de mãos dadas com uma bêbada seminua e toda mijada, DEFINITIVAMENTE não tem preço.
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7 comentários:

  1. Meu amor, que viagem turbulenta, heim?
    Ainda bem que trabalho aos domingos! Kkkkkk...

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  2. claro q aprovo=) obrigada por fazeres referencia á minha galeria=)


    beijinho

    ana dias

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  3. Nossa!!! Que inveja!!! Comentários... o sonho de qualquer blogueiro (incluindo aí os dublês como eu). É doído qdo vejo que não tenho nenhum comentário... Nem xingando (que aliás, seriam meus preferidos). Se bem que um blog na qual seu fundador tem quase 08 meses que não lembra a senha de acesso. Era de esperar o quê??!! obs.: Comentário seu não vale, não tente aplacar minha dor!!!!

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  4. Léo só tenho um comentário: Puta que pariu!!!!!!!!!!
    E ainda teve que lavar o banco do carro, memso depois de tê-lo levado ao lava jato...
    Adorei...

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  5. só tu mesmo, leandro.. estuda pra mexer com bicho e tem que passar por uma dessas com gente... rs.

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  6. essa deve ter sido a pior coisa que te aconteceu leo

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